quinta-feira, março 26, 2009

Signo e Peirce

“[Signo é] algo que representa algo para alguém em algum aspecto ou capacidade. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente da pessoa um signo equivalente, ou talvez mais desenvolvido. A esse signo que ele cria dou o nome de interpretante do primeiro signo. Representa algo, o seu objeto. (...) É qualquer coisa que determine uma outra coisa (seu interpretante) se refira a um objeto, ao qual ele mesmo se refere do mesmo modo, o interpretante se tornando um signo, e assim por diante, ad infinitum”. Peirce

“Signo é algo que está (representa) outra coisa para alguém”. Julio Pinto

“Para Saussure, ‘a língua é um sistema de signos que exprimem idéias, e, por isso, é confrontável com a escrita, o alfabeto dos surdos-mudos, os ritos simbólicos, as fórmulas de cortesia, os sinais militares, etc., etc. Ela é simplesmente, o mais importante de tais sistemas. Pode-se, assim conceber uma ciência que estuda a vida dos signos no quadro social.’ A definição de Saussure é muito importante e serviu para desenvolver uma definição semiótica. Sua definição de signo é como uma entidade de dupla face (significante e significado) antecipou e determinou todas a definições posteriores de função sígnica.

Todos os exemplo de sistemas de semiológicos dados por Saussure são, sem sombra de dúvida, sistemas de signos artificiais, extremamente convencionalizados, como os sinais militares, as regras de etiqueta ou os alfabetos.

A este ponto, parece sem dúvida mais compreensível a definição dada por Peirce: ‘(...) semiótica, isto é, a doutrina da natureza essencial e das variedades fundamentais de cada semiose possível (...)

É verdade que o mesmo poderia ser dito da definição saussureana; a definição peirceana, no entanto oferece algo mais. Ela não requer, como condição necessária para a definição do signo, que este seja emitido INTENCIONALMENTE e produzido ARTIFICIAMENTE.

A tríade peirceana pode ainda ser aplicada a fenômenos sem emitente humano, embora tenham um destinatário humano, como sucede, por exemplo, no caso dos sintomas meteorológicos ou de qualquer outro tipo de índice

(...) Signo pode estar para algo aos olhos de alguém no somente porque essa relação (estar-para) é mediada por um interpretante. Ora, não se pode negar que Peirce tenha pensado no interpretante (que é um outro signo, o qual traduz e explica o signo precedente, e assim ao infinito) como um evento psicológico que ocorre na mente de um possível interprete(...).” Umberto Eco

“Uma coisa é um signo somente por ser interpretada como signo de algo por algum interprete; assim a semiótica tem nada a ver com o estudo de um tipo particular de objetos comuns, na medida em que (e só na medida em que) participem da Semiose.” Morris

“Peirce era uma espécie de filósofo que era em lugar um cientista, e uma espécie de cientista que era, em primeiro lugar, um lógico da ciência. Nenhuma universidade, pequena ou grande, do seu tempo, soube o que fazer com tal filósofo ou tal cientista”.Max H. Fisch – filósofo norte-americano

“Trata-se da obra de um pensador solitário e incansável, figura de uma rara e inimaginável envergadura científica, que passou praticamente os últimos anos de sua vida estudando 16 horas por dia, e que deixou para a posterioridade nada menos que 80.000 manuscritos, além de 12.000 páginas publicadas”.Lúcia Santaella

“A Semiótica de Peirce é uma resposta ao repto por Locke no seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, a saber, que uma lógica da significação, a se chamar Semiótica, deveria ser elaborada. Não se trata então de uma teoria de extração lingüística associada ao pensamento semiológico, na tradição de Saussure, embora ele tenha muitos pontos de contato. Ao contrário, Peirce vê os signos verbais como um subconjunto das manifestações sígnicas. Isso tornou possível como se faz hoje o estudo da zoossemiose e da fitossemiose, em base diferentes da lingüística”. Julio Pinto

“O universo está em expansão. Onde mais ele poderia crescer, senão, na cabeça dos homens?”. – Charles S. Peirce

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