segunda-feira, maio 11, 2009

Ícone, índice e símbolo

É o texto que vocês têm impresso, sem os exemplos.

Obs.: Terça-feira, dia da prova, não acessarei a internet.

Ícone, índice, símbolo


Ícone é um signo que tem semelhança com o objeto representado. Exemplos de signo icônico: a escultura de uma mulher, uma fotografia de um carro, e mais genericamente, um diagrama, um esquema.” – J. Texeira Coelho Netto

Ícone é caracterizado por Peirce, em uma de suas muitas definições, como aquele signo que é determinado por seu objeto, por compartilhar das características dele. (...) Essa semelhança com o objeto, contudo, não é necessariamente especular, como numa fotografia, embora possa sê-lo. É suficiente uma única propriedade monádica com o objeto, um traço, para que possa ser visto pelo sujeito como ícone daquele objeto. De qualquer maneira, existe na identidade do ícone uma relação de analogia, qualquer seja ela, fazendo de qualquer imagem, (visual, auditiva, olfativa, etc.) um ícone em potencial que depende, para sua atualização, da interferência do sujeito. Como diz Peirce, um signo por Primeiridade é uma imagem de seu objeto e uma imagem só pode ser uma idéia. A função sígnica do ícone é, assim, a de exibir em si traços de seu objeto para uma mente.” – Júlio Pinto

Índice é um signo que se refere ao objeto denotado de virtude de ser diretamente afetado por esse objeto.” – J. Texeira Coelho Netto

Índice se define, em contra posição ao ícone, como aquela função sígnica que em vez de exibir em si traços do objeto (característica do ícone) aponta para fora de si na direção do objeto. (...) O primordial no índice não é, portanto, a analogia. Para ser índice, na verdade, basta que o signo esteja numa relação diádica – de dois termos – com seu objeto (que pode ser de contraste, ação e reação, causa e efeito, contigüidade, etc). (...) Os ‘signos naturais’ são freqüentemente arrolados como exemplos de índice: nuvem (signo de chuva), pegadas (signo da passagem de alguém), o barulho de um tiro de revolver (como signo de tiro) e assim por diante. A semiologia médica é indicial, na medida quem que lida com sintomas.” – Júlio Pinto

Símbolo é um signo que se refere ao objeto denotado de virtude de uma associação de idéias produzidas por uma convenção. O signo é marcado pela arbitrariedade.” – José Coelho Netto

Símbolo é aquele objeto que será representado em seu interpretante como signo de seu objeto. Em outras palavras, o interpretante como signo de seu objeto. Em outras palavras, o interpretante de um símbolo é previsível porque seu objeto já é conhecido. Ora, um signo cujo objeto é conhecido e cujo interpretante pode ser facilmente alcançado é aquele signo que representa uma lei, uma regularidade, um hábito, uma convenção, uma previsão ou conceitos parecidos.” – Júlio Pinto

quinta-feira, abril 23, 2009

Cor

Cor

“As cores são qualificações da luz, derivadas das refrações ou das reflexões dos corpos naturais (como se acredita geralmente), são propriedades originais e inatas que diferem em raios diferentes. Alguns raios tendem a apresentar uma cor vermelha e nenhuma outra, outros uma cor amarela e nenhuma outra, outros uma cor verde e nenhuma outra, e assim por diante. Não há apenas raios próprios e particulares às cores mais dominantes, e sim a todas as suas gradações intermediárias” Newton, Ótica

“As cores são ações e paixões da luz. Nesse sentido, podemos esperar delas alguma indicação sobre a luz. Na verdade, luz e cores se relacionam perfeitamente, embora devamos pensá-las como pertencendo à natureza em seu todo: é ela inteira que assim quer se revelar ao sentido da visão.” Goethe, Doutrina das cores

Desde os primórdios do homem, as cores estão presentes modificando seu cotidiano, dando vida a formas e exalando emoções. É um componente com grande influência no dia a dia de uma pessoa, interferindo nos sentidos, emoções e intelecto.

As cores exercem diferentes efeitos fisiológicos sobre o organismo humano e tendem, assim, a produzir vários juízos e sentimentos. Aparentemente, damos um peso às cores. Na realidade, olhando para cada uma cor damos um valor-peso, mas é somente um peso psicológico.

A cultura agrega significados ao que se vê. Há cores que se tornam sagradas para alguns povos e não para outros. Também há o fato de que as pessoas manipulam as cores só de nomeá-las.

Batizadas de verde-limão, amarelo-ouro e assim por diante, são enquadradas em classificações que facilitam a lembrança, mas que não deixam de ser um tipo de limitação.

O Brasil tem seu repertório cromático, tropical e ensolarado. Essa necessidade de diferenciar o laranja do abóbora é uma característica daqui, que não faz muito sentido para um parisiense.

Cores, além de tudo, alternam significados de acordo com o lugar, a época e a circunstância. O branco é geralmente pensado como uma referência absoluta. Mas os esquimós têm incontáveis nomes para identificá-lo já que percebem facilmente suas variações.

Cor Primária ou Geratriz: é cada uma das três cores indecomponíveis que, misturadas em proporções variáveis, produzem todas as cores do espectro.

Cores Quentes: são o vermelho e o amarelo, e as demais cores em que eles predominem.

Cores Frias: são o azul e o verde, bem como as outras cores predominadas por eles.

Possíveis usos da cor

Unificar. Diferenças formais são compensadas pela cor. A cor unifica os componentes, transformando-os em componentes pertencentes a um grupo. Exemplo: sistema de produtos de uma empresa com determinada imagem visual.

Distinguir. Figuras/formas idênticas são diferenciadas pela aplicação de cores. Exemplo: a bandeira da Itália e da França são idênticas em sua estrutura formal (geometria), porém se diferenciam através da cor.

Camuflar. Assimilar uma figura/forma a um contexto (fundo). Este efeito é o contrário do contraste. Baseia-se na minimização ou diminuição, ou, até eliminação de contrastes.

Chamar atenção. Sinalizar/enfatizar uma forma/figura pelo contraste com o seu contexto.

Estruturar. Enfatizar a estrutura diferenciada de formas/figuras num contexto.

Codificar. Por meio de convenção liga-se determinada cor com um significado específico.

Indicar. Fenômenos físicos são representados pela cor utilizada como signo sintocromático.

Simbolizar. Uso sócio-cultural da cor para representar determinados atributos.

Estilizar. “Exagerar” ou quebrar o uso convencional de cores.

Efeitos da cor:

Efeito físico da cor. Uso da capacidade de absorção/reflexão de superfícies coloridas.

Efeito fisiológico. O organismo humano reage inconscientemente frente às cores; sobretudo em situações experimentais (de laboratório de pesquisa), com efeito sobre frequência da respiração, pressão sanguínea, etc.

No caso em que o campo visual seja ocupado por um estímulo dominante, geram-se inevitavelmente pôs-imagens. Este fenômeno chama-se contraste sucessivo. Exemplo: uso do tom verde-turquesa em salas de cirurgia para neutralizar as pós-imagens provocadas pelo sangue.

Efeito sinestésico. Correlação entre a percepção pertencente a um sentido e a percepção de outro sentido. A cor em si não causa sensações acústicas, táteis, etc.; porém as cores são denominadas como cores quentes, frias, pesadas, gritantes, etc.

Efeito psicológico. Associação entre uma percepção cromática com outras experiências e/ou significados.Exemplo: a cor “rosa” é associada em determinado contexto cultural com “feminina”.

Os estudos de BAMZ

O psicólogo J. Bamz realizou uma pesquisa a respeito da manifestação de um indivíduo a determinada cor:

- Vermelho: Corresponderia ao período de 1 a 10 anos – idade da efervescência e da espontaneidade;

- Laranja: Corresponderia ao período de 10 a 20 anos – idade da imaginação,excitação e aventura.

- Amarelo: Corresponderia ao período de 20 a 30 anos – idade da força,potência, arrogância;

- Verde: Corresponderia ao período de 30 a 40 anos – idade da diminuição do fogo juvenil;

- Azul: Corresponderia ao período de 40 a 50 anos – idade do pensamento e da inteligência;

- Lilás: Corresponderia ao período de 50 a 60 anos – idade do juízo, do misticismo, da lei;

- Roxo: Corresponderia ao período além dos 60 anos – idade do saber, da experiência e da benevolência;

Cada indivíduo reage de diferentes formas a determinada cor, dependendo de sua intensidade, luminosidade e saturação. Entretanto os psicólogos estão de comum acordo quando atribuem certos significados a determinadas cores para quem vive dentro da uma cultura.

Branco:

- Associação material: batismo, casamento, cisne, lírio, primeira comunhão, neve, nuvens em tempo claro, areia clara.

- Associação afetiva: ordem, simplicidade, limpeza, bem, pensamento, juventude, otimismo, piedade, paz, pureza, inocência, dignidade, afirmação, modéstia, deleite, despertar, infância, alma, harmonia, estabilidade.

- Simboliza a luz, e nunca é considerado cor, pois de fato não é. Se para os

orientais é a morte, o fim, o nada, representa para nós ocidentais o nascimento, a força positiva, a alegria; enquanto os povos que atravessam os meses e transpõem os anos sob um céu de chumbo tem outro sentido: o gelo, o inverno e o luto.

- Alarga os espaços, dissipa a opressão dos cômodos acanhados.

Preto:

- Associação material: sujeira, sombra, enterro, noite, carvão, fumaça, condolência, morto, fim, coisas escondidas.

- Associação afetiva: mal, miséria, pessimismo, sordidez, tristeza, desgraça, dor, temor, intriga.

- É expressivo e angustiante ao mesmo tempo. É alegre quando combinado com

certas cores. Às vezes tem conotação de nobreza, seriedade.

- Foi considerada símbolo de sobriedade e sofisticação, a partir da década de 20, quando a estilista Coco Chanel lotou os salões de festa mundo afora com essa cor. Hoje continua sendo uma cor “coringa” na moda.

Cinza:

- Associação material: pó, chuva, ratos, neblina, máquinas, mar sob tempestade.

- Associação afetiva: tédio, tristeza, decadência, velhice, desânimo, seriedade, sabedoria, passado, finura, pena, aborrecimento, carência vital.

- Simboliza a posição intermediária entre a luz e a sombra. Não interfere junto às cores em geral.

Vermelho:

- Associação material: rubi, cereja, guerra, lugar, sinal de parada, perigo, vida, Sol, fogo, chama, sangue, combate, lábios, mulher, ferida, rochas vermelhas, conquista, masculinidade.

- Associações afetivas: dinamismo, força, baixeza, energia, revolta, movimento, barbarismo, coragem, furor, esplendor, intensidade, paixão, vulgaridade, poderio, vigor, glória, calor, violência, dureza, excitação, ira, interdição, emoção, ação, agressividade, alegria, comunicativa, extroversão.

- Vermelho nos vem do latim vermiculos (verme, inseto). Desta se extrai uma substância escarlate, o carmim, e chamamos a cor de carmesim [do árabe : qimezi (vermelho bem vivo ou escarlate).

- Simboliza uma cor de aproximação, de encontro.

- Associada a sorte, felicidade e fama na cultura chinesa, ela acelera a pressão arterial e o ritmo respiratório, convidando à ação e evocando a sensualidade.

- Representa o amor “paixão”.

Laranja (corresponde ao vermelho moderado):

- Associação material: outono, laranja, fogo, pôr do Sol, luz, chama, calor, festa, perigo, aurora, raios solares, robustez.

- Associação afetiva: força, luminosidade, dureza, euforia, energia, alegria, advertência, tentação, prazer, senso de humor.

- Simboliza o flamejar do fogo.

Amarelo:

- Associação material: flores grandes, terra argilosa, palha, luz, topázio, verão, limão, chinês, calor de luz solar.

- Associação afetiva: iluminação, conforto, alerta, gozo, ciúme, orgulho, esperança, idealismo, egoísmo, inveja, ódio, adolescência, espontaneidade, variabilidade, euforia, originalidade, expectativa.

- Simboliza a cor da luz irradiante em todas as direções.

- É a cor dos geminianos, regidos por Mercúrio, o Deus da Comunicação.

- Estimula a cordialidade, o bom humor, a alegria, desperta a inteligência, a criatividade, o que o torna uma boa escolha para espaços de criação.

Verde:

- Associação material: umidade, frescor, diáfano, primavera, bosque, águas claras, folhagem, tapete de jogos, mar, verão, planície, natureza.

- Associação afetiva: adolescência, bem estar, paz, saúde, ideal, abundância, tranqüilidade segurança, natureza, equilíbrio, esperança, serenidade, juventude, suavidade, crença, firmeza, coragem, desejo, descanso, liberalidade, tolerância, ciúme.

- Simboliza a faixa harmoniosa que se interpões entre o céu e o Sol. Cor reservada e de paz repousante. Cor que oferece o desencadeamento de paixões.

- Pontua o equilíbrio entre as cores quentes e as cores frias (originário da mistura do amarelo e azul), entre introversão e extroversão.

- Representa a saúde incondicional.

Azul:

- Associação material: montanhas longínquas, frio, mar, céu, gelo, feminilidade, águas tranqüilas.

- Associação afetiva: espaço, viajem, verdade, sentido, afeto, intelectualidade, paz, advertência, precaução, serenidade, infinito, medição, confiança, amizade, amor, fidelidade, sentimento profundo.

- É a cor do céu sem nuvens. Dá a sensação de movimento para o infinito.

- Nas mais diversas culturas, é a cor da alma, ela alarga a visão e instiga à busca da verdade interior.

Roxo:

- Associação material: noite, janela, igreja, aurora, sonho, mar profundo.

- Associação afetiva: fantasia, mistério, profundidade, eletricidade, dignidade, justiça, egoísmo, grandeza, misticismo, espiritualidade, delicadeza, calma.

Marrom:

- Associação material: terra, águas lamacentas, outono, doença, sensualidade, desconforto.

- Associação afetiva: pesar, melancolia, resistência, vigor.


Brilhantes: Ouro, Prata e Cobre:

- Enquanto reluzem, estas cores atuam beneficamente, sempre ligadas ao que há de mais nobre.

- O Dourado representa luxo, poder e requinte e reflete o que é eterno. Sob

o seu brilho, os sentimentos negativos e destrutivos recriam-se e renascem como sentimentos saudáveis. Que o digam os leoninos, atraídos como ímãs pelo que reluz e aquece como ouro.

- O Cobre é quente, na Mitologia Grega tem doce ligação: trata-se do metal relacionado a Afrodite, a Deusa do Amor. Estimula a atenção dos distraídos, desarma os nervos e conduz ao diálogo e à paz.

- O Prata nos leva à reflexão, é o símbolo da lua. Como ela, o metal não tem luz própria, mas, uma vez polido, como brilha! É o caminho da harmonia.

Mitos

Na visão antropológica de Lévy-Strauss, o mito é a história de um povo, ele é a identidade primeira e mais profunda de uma coletividade que quer se explicar.

Sobre o mito, a filósofa brasileira Marilena Chaui diz que “é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa” que ressurge dentro de uma estrutura onde os conflitos só vão ser resolvidos no final da trama.

Quem acompanha essa história sente-se preso porque quer chegar ao ápice. Ela é o ponto culminante do interesse dos ouvintes.

Mitos são criados a partir da fala. É uma fala escolhida pela história: não poderia de modo algum surgir da natureza das coisas. Mas, naturalmente, não uma fala qualquer, são necessárias condições especiais para que a linguagem se transforme em mito.

Mas o que deve se estabelecer é um sistema de comunicação, é uma mensagem. Eis porque não poderia se um objeto, um conceito ou uma idéia: ele é um modo de significação, uma forma.

O mito surge como uma explicação para uma atitude ou acontecimento numa sociedade. Como o mito da região norte do Brasil, Boto Cor de Rosa, onde um boto se transforma em homem, sai a noite pelos vilarejos, seduz as mulheres e as engravida. Este mito serve para explicar como a donzela foi aparecer grávida.

O mito japonês Momotaro, vem explicar catástrofes naturais, onde um demônio destrói vilas e só é apaziguado com o sacrifício de uma virgem, até que Momotaro o enfrenta com a ajuda de um macaco, um pássaro e um cão.

A importância do mito na semiótica e na comunicação é a bagagem cultural que ele agrega, quais valores da sociedade estão embutidos no mito, e também o estudo por trás da linguagem.

quinta-feira, março 26, 2009

Signo – Objeto - Interpretante

O signo, o objeto e o interpretante são três entidades que formam uma relação tríadica de signo.

Entre o signo e o interpretante há relações casuais.

Entre o Interpretante e o Objeto há uma relação que pode ser direta ou indireta.

Entre o signo e o objeto não há relação pertinente.

O Signo representa algo.

O objeto é o algo, a coisa representada pelo signo. O concreto.

O Interpretante é um signo mais elaborado, desenvolvido do signo original. São os conceitos, os valores.

O Signo, o Primeiro que se coloca numa relação tríadica genuína com um segundo, demoninado seu Segundo, denominado seu Objeto, de modo a ser capaz de determinar que um terceiro, denominado seu Interpretante, assuma a mesma relação tríadica com seu Objeto na qual ele próprio está em relação com o mesmo Objeto.

Um primeiro (Primeiridade, nível do sensível), o Objeto como um Segundo (Secundidade, nível do evento) e do Interpretante como um Terceiro (Terceridade, nível da razão).

Esta proposta de Peirce surge assim como capaz restabelecedora do triângulo semiótico em sua totalidade, dando à Semiótica uma dimensão que ela só deixou de ter por uma oclusão, ingênua ou não, das perspectivas de alguns de seus aplicadores.

Signo e Peirce

“[Signo é] algo que representa algo para alguém em algum aspecto ou capacidade. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente da pessoa um signo equivalente, ou talvez mais desenvolvido. A esse signo que ele cria dou o nome de interpretante do primeiro signo. Representa algo, o seu objeto. (...) É qualquer coisa que determine uma outra coisa (seu interpretante) se refira a um objeto, ao qual ele mesmo se refere do mesmo modo, o interpretante se tornando um signo, e assim por diante, ad infinitum”. Peirce

“Signo é algo que está (representa) outra coisa para alguém”. Julio Pinto

“Para Saussure, ‘a língua é um sistema de signos que exprimem idéias, e, por isso, é confrontável com a escrita, o alfabeto dos surdos-mudos, os ritos simbólicos, as fórmulas de cortesia, os sinais militares, etc., etc. Ela é simplesmente, o mais importante de tais sistemas. Pode-se, assim conceber uma ciência que estuda a vida dos signos no quadro social.’ A definição de Saussure é muito importante e serviu para desenvolver uma definição semiótica. Sua definição de signo é como uma entidade de dupla face (significante e significado) antecipou e determinou todas a definições posteriores de função sígnica.

Todos os exemplo de sistemas de semiológicos dados por Saussure são, sem sombra de dúvida, sistemas de signos artificiais, extremamente convencionalizados, como os sinais militares, as regras de etiqueta ou os alfabetos.

A este ponto, parece sem dúvida mais compreensível a definição dada por Peirce: ‘(...) semiótica, isto é, a doutrina da natureza essencial e das variedades fundamentais de cada semiose possível (...)

É verdade que o mesmo poderia ser dito da definição saussureana; a definição peirceana, no entanto oferece algo mais. Ela não requer, como condição necessária para a definição do signo, que este seja emitido INTENCIONALMENTE e produzido ARTIFICIAMENTE.

A tríade peirceana pode ainda ser aplicada a fenômenos sem emitente humano, embora tenham um destinatário humano, como sucede, por exemplo, no caso dos sintomas meteorológicos ou de qualquer outro tipo de índice

(...) Signo pode estar para algo aos olhos de alguém no somente porque essa relação (estar-para) é mediada por um interpretante. Ora, não se pode negar que Peirce tenha pensado no interpretante (que é um outro signo, o qual traduz e explica o signo precedente, e assim ao infinito) como um evento psicológico que ocorre na mente de um possível interprete(...).” Umberto Eco

“Uma coisa é um signo somente por ser interpretada como signo de algo por algum interprete; assim a semiótica tem nada a ver com o estudo de um tipo particular de objetos comuns, na medida em que (e só na medida em que) participem da Semiose.” Morris

“Peirce era uma espécie de filósofo que era em lugar um cientista, e uma espécie de cientista que era, em primeiro lugar, um lógico da ciência. Nenhuma universidade, pequena ou grande, do seu tempo, soube o que fazer com tal filósofo ou tal cientista”.Max H. Fisch – filósofo norte-americano

“Trata-se da obra de um pensador solitário e incansável, figura de uma rara e inimaginável envergadura científica, que passou praticamente os últimos anos de sua vida estudando 16 horas por dia, e que deixou para a posterioridade nada menos que 80.000 manuscritos, além de 12.000 páginas publicadas”.Lúcia Santaella

“A Semiótica de Peirce é uma resposta ao repto por Locke no seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, a saber, que uma lógica da significação, a se chamar Semiótica, deveria ser elaborada. Não se trata então de uma teoria de extração lingüística associada ao pensamento semiológico, na tradição de Saussure, embora ele tenha muitos pontos de contato. Ao contrário, Peirce vê os signos verbais como um subconjunto das manifestações sígnicas. Isso tornou possível como se faz hoje o estudo da zoossemiose e da fitossemiose, em base diferentes da lingüística”. Julio Pinto

“O universo está em expansão. Onde mais ele poderia crescer, senão, na cabeça dos homens?”. – Charles S. Peirce

segunda-feira, março 02, 2009

Signo, Símbolo, Sema

Signo

Segundo Peirce “signo é algo que está no lugar de outra coisa, um ícone é um signo que se refere ao refere ao objeto ele denota simplesmente em virtude de caracteres dele (o signo) mesmo, e que ele possui independentemente da existência do objeto ou não”.

Algo que representa algo.

Uma idéia que representa um objeto.

Sem ele não haveria comunicação, não haveria regras.

Um signo tem Significante e significado. Significante é a parte real, concreta do signo e significado é o conceito desta parte.

O signo é tudo que pode ser substituído por significante. O signo não é, é como se fosse.

Saussure chama de signo como SIGNO LINGUÏSTÍCO, não há nenhuma relação necessária entre ele e o objeto. Enquanto o SÍMBOLO tem esta relação. A garrafa de Coca com a logo da Pepsi.

Sema

Outra interpretação além de signo, por Luis Prieto seria um enunciado, uma sucessão de signos pela leitura de um único.


Significado e Significação - Denotativo e conotativo

Significado

O significado é o conceito, ou a imagem mental que vem na esteira de um significante.

O fato de não conhecer um significado, não quer dizer que o signo não tenha significado: ele está no dicionário, devidamente transcrito.

A partir do momento que se conhece o significado, este se junta ao significante e forma a significação do signo.

Significação

Significação é a efetiva união entre um certo significado e um certo significante.

A significação de um signo é uma questão individual, localizada no tempo e espaço, enquanto o significado depende apenas do sistema e, sob este aspecto, está antes e acima do ato individual.

Signo Denotativo

De um signo denotativo pode se dizer que ele veicula o primeiro significado entre um signo e seu objeto. A denotação está ligada ao significado.

Signo Conotativo

O signo conotativo põe em evidência significados que vem agregar-se ao primeiro naquela mesma relação signo/objeto.Estando assim a conotação ligada a significação.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Conceitos de Língua X Fala

Saussure diz em social e individual, o essencial e o acessório ou acidental.

Sendo que o social e o essencial é a língua, o individual e o acidental a fala.

R. Barthes pega este conceito e o traduz da seguinte forma: A língua é a linguagem, com exceção da fala, é pré-existente ao individuo, é uma instituição social. A fala é o inverso, é o ato do individuo de usar a língua.

“Se a língua é um sistema a fala é o processo (...) e uma não vive sem a outra”.Como a teoria e a prática.


A fala ainda se divide em léxico e idioleto

Léxico: termo usado por um determinado grupo, como as palavras técnicas de um publicitário.

Idioleto: palavras que uma única pessoa cria e usa. Como por exemplo Guimarães Rosa.


Louis Hjelmslev faz uma abrangência maior com seu conceito de USO/ESQUEMA, colocando a SEMIOLOGIA além dos sistemas lingüísticos.Ao substituir fala por uso, língua por esquema ele sai da cadeia lingüística e cabe para todos os exemplos de um sistema de regras sendo atualizadas durante seu uso. Como na arquitetura e artes.

O Uso e Esquema tem os mesmo sentido de Língua e Fala, mas são mais abrangentes. Neles podemos imaginar as regras de marketing por trtás de uma propaganda, ou o porque do uso de uma cidade ao fundo da peça publicitária.


Outra definição é CÓDIGO/MENSAGEM, sendo o código as regras para se fazer a mensagem.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Principais teóricos

Ferdinand de Saussure, lingüista suíço (1857-1913), cuja teoria enquadrava-se nos limites traçados pelo positivismo, visualizava uma disciplina que estudaria os signos no meio da vida social, com isso validando o transporte dessa teoria para os outros campos. Deu origem ao nome de Semiologia da qual dizia ser parte da psicologia social.

Charles Sanders Peirce, o filósofo americano (1839-1914) lança as bases da semiótica como disciplina autônoma. O estado fragmentário de seus escritos, publicados postumamente (Escritos recolhidos – 8 volumes, 1931-1958), tornou e torna ainda difícil uma plena recepção de sua obra de pioneiro. Entre os aspectos mais importantes de sua teoria, vale lembrar: a noção de “interpretante”, como um signo que interpreta um outro signo, e a tripartição dos signos: índice, ícone e símbolo (segundo se opere uma relação de contigüidade, de similitude ou de pura convencionalidade entre o signo e o referente).

Louis Hjelmslev, (1899-1965) - fundador de uma escola radical de linguística estruturalista conhecida como glossemática (Escola de Copenhague). Compreende tanto linguagens linguísticas quanto linguagens não-linguísticas . Seu modelo Sígnico, Estrutura, Texto e Sistema teve grande influência em desenvolvimentos posteriores da semiótica geral. Com a Teoria da Conotação e denotação, abriu o fundamento de uma teoria glossemática da literatura e da estética.

Charles Morris, (1901-1979) - clássico da semiótica cuja influência no desenvolvimento da história da semiótica foi decisiva nos anos 30 e 40

raízes na semiótica de Peirce, no behaviorismo, no pragmatismo americano, no empiricismo e no positivismo.

Roland Barthes, (1915-1980), toma, ao contrário, em exame, sob um ponto de vista sociológico, todos os fenômenos significativos: os sistemas de objetos de uso (por exemplo, a moda, o automóvel etc.), as comunicações de massa, as artes etc. A partir da década de 60, a semiologia, com R. Barthes, aplica-se particularmente à literatura, ocupando-se das grandes unidades significantes do discurso.

Julien Greimas, (1917-1992) - Escola Semiótica de Paris - Semântica Estrutural (1966)

Estudo do Discurso - estrutura narrativa se manifesta em qualquer tipo de texto

Onde a semiótica não é uma “teoria dos signos”, mas uma “teoria da significação”.

Somente se torna operacional quando situa sua análise em níveis tanto acima como abaixo do signo. No nível inferior, a decomposição estrutural do signo produz elementos analíticos que ainda não são signos. No nível superior, a agregação de signos (unidades textuais) produz entidades semânticas que são mais que signos

Umberto Eco, desenvolveu o projeto de um rigor filosófico da semiótica, no quadro de um projeto enciclopédico de filosofia das formas simbólicas (Apocalíticos e integrados, 1964; A forma do conteúdo, 1971; Tratado Geral da Semiótica, 1975; Semiótica e Filosofia da Linguagem, 1984...). A partir da década de 60, a semiologia, com R. Barthes, aplica-se particularmente à literatura, ocupando-se das grandes unidades significantes do discurso.

Roman Jakobson, (1896- 1982) introduz o conceito das funções da linguagem:

* a emotiva, que «denota» a carga do emissor na mensagem,

* a injuntiva, relativa ao destinatário,

* a referencial, relativa aquilo de que se fala

* a fática, relativa ao canal da comunicação,

* a metalinguística, relativa ao código,

* a poética, relativa à relação da mensagem consigo mesma.

Semiótica – Conceitos

Do gr. semeiotiké (téchne), 'a arte dos sinais'.]S. f.1.E. Ling. Denominação utilizada, principalmente pelos autores norte-americanos, para a ciência geral do signo; semiologia.2.E. Ling. V. semasiologia (1).3.Desus. Arte de comandar manobras militares por meio de sinais, e não da voz.4.Med. Semiologia.5.E. Ling. V. semântica (1).

Semiologia

De semio- + -logia.]S. f. 1.E. Ling. Ciência geral dos signos, segundo Ferdinand de Saussure (v. saussuriano), que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas de signos, i. e., sistemas de significação. Em oposição à lingüística, que se restringe ao estudo dos signos lingüísticos, ou seja, da linguagem, a semiologia tem por objeto qualquer sistema de signos (imagens, gestos, vestuários, ritos, etc.); semiótica (q. v.).2.Med. Estudo e descrição dos sinais e sintomas de uma doença; semiótica. [Cf., nesta acepç., sintomatologia.]Derivando do grego semion, traduzido, em vernáculo, por “signo”, a semiologia estuda os signos em sua produção, transmissão, interpretação.

SEMIÓTICA segundo Júlio Pinto, “é na verdade uma teoria de signos e da representação que efetua uma extensão da lógica para os limites da cognição e da experiência dos fenômenos”.

De acordo com Lúcia Santaella “o nome SEMIÓTICA raiz grega SEMEION, que quer dizer SIGNO, Semiótica é ciência dos signos (...) não são os signos do Zodíaco, mas signo, linguagem. A semiótica é a ciência geral de todas as Linguagens”.

Segundo Umberto Eco “um projeto de SEMIÓTICA Geral compreende numa Teoria de Códigos e uma Teoria da Produção Sígnica, a segunda teoria leva em consideração um número muito vasto de fenômenos, tais como o uso natural das diversas linguagens, a evolução e a transformação do código, a comunicação estética, os vários tipos de interpretação comunicativa, o uso dos signos para mencionar coisas e estados do mundo e assim por diante”.

Para Roland Barthes a SEOMIOLOGIA é “a ciência geral do todos os sistemas de signos através dos quais se estabelece a comunicação entre os homens”.